terça-feira, 28 de outubro de 2008

AULA DE CAMPO - C.S.C.M 2008

ROTEIRO DA VISITA AO MEMORIAL DA RESISTÊNCIA MOSSOROENSE:

HISTÓRIA e ENS. RELIGIOSO
Prof. Charles Bronson
Profa. Helena

Acompanhe com atenção a orientação dos professores durante a visita ao MRM, observe, leia e busque compreender:

1.Quais os propósitos da formação do bando de cangaceiros?
2.Por que Virgulino Ferreira, o Lampião, começou a integrar o bando?
3.Caracterize os seguintes sujeitos históricos:

a) Soldados volantes.
b) Coiteiros.
c) Cangaceiros.

4.O que você sabe sobre a presença da mulher no bando de Lampião?
5.Observe as vestimentas utilizadas pelos cangaceiros e comente suas características:
6.Explique o significado da expressão “a cidade das 4 torres”.
7.Quais os tipos de fontes históricas podemos citar como registros da passagem do bando de Lampião pela cidade de Mossoró em 1927?
8.Justifique a passagem do bando pela cidade de Mossoró:
9. Caso fosse um historiador(a), que objeto de pesquisa sobre o Cangaço, escolheria para realizar uma pesquisa histórica?

sábado, 18 de outubro de 2008

Tim Fisher e Damy Ferreira: reflexões sobre a música cristã na contemporaneidade.



Charles Bronson
IBR Central de Mossoró, chbronson_1@yahoo.com.br
Fernanda Silvério
IBR Santa Catarina, Natal-RN, nanddynha22@hotmail.com

Em O Debate sobre a Música Cristã, Tim Fisher desenvolve suas considerações sobre música cristã, ao mesmo tempo em que analisa as tendências de um estilo de louvor musical muito conhecido nos EUA, o CCM (Música Cristã Contemporânea), caracterizado pelo uso de variados estilos musicais, principalmente aqueles que fazem sucesso na cultura popular americana e tem atraído o interesse de grandes produtoras e gravadoras, “de olho” no mercado da música gospel.
Logo no início da obra, Tim apresenta-nos uma relevante definição para o que está chamando de música cristã em sua análise, afirmando que essa é entendida como a música em que a letra, a música, os executantes, e a maneira como a executam estão de conformidade com a imagem de Cristo. Para tanto, os fundamentos bíblicos, para citar alguns, são Colossenses 3:16, Efésios 5:19 e Salmo 19:14.
Tim Fisher apresenta vários princípios para uma música cristã, dentre eles: princípio do “novo cântico”, Deus como compositor, Semelhanças com Cristo (na letra, na música, na vida do músico) e Culpa por associação.
No primeiro, Fisher, baseia-se em várias referências bíblicas, dentre elas o Salmo 40:1-3, para justificar que as Escrituras ensinam uma progressão que ocorre na vida do crente, por meio da salvação, a saber: Novo nascimento – Nova criação – Novo cântico. Sendo assim, já está posta de lado a idéia de que Deus será louvado por cânticos que se destacam pela composição poética ou habilidades do cantor, sendo esse uma pessoa que ainda não nasceu de novo, em Cristo.
Em Deus como compositor, compreendendo a fé em Deus que é criador, construtor e exemplo, “a preocupação do cristão não deve ser conformar sua arte com a sociedade; antes, é a obrigação do cristão conformar sua vida e criatividade com as Escrituras” (p.57).
Ao tratar da relevância da letra da música, é observada a capacidade que esta tem de fixar na mente do ouvinte um dado ensinamento.


Visto que o nosso povo sai do culto sussurrando os cânticos em vez do sermão, temos que fazer o melhor que pudermos para ter certeza de que eles sussurrem boa doutrina... Ora, se a música tem texto e assim comunica algo, precisamos saber o que estamos comunicando com aquela música. Claro, primeiro conhecer o que crê, fundamentado na Bíblia, e assim, rejeitar àquelas músicas que contrárias à fé bíblica. (FISHER, 2005, p.83-84).

Estimulando o leitor a reconhecer que a música cristã é mais do que palavras, e sim, um reflexo da constante comunhão e consagração do crente, somos advertidos sobre uma prática pessoal comum em nossos dias na igreja: é que a maioria dos cristãos julga a eficiência da música com base na regra da carne, não do Espírito. Se uma canção nos emociona, nós gostamos dela! O que, segundo o autor, tem gerado outro comportamento: os crentes cantando desanimados durante o louvor musical na igreja!
Nessa condição, afirma o autor, não devo culpar o estilo musical tocado na igreja, e sim, examinar como anda minha adoração pessoal a Deus, pois a adoração pública é unicamente uma manifestação da adoração pessoal. A razão pela qual os nossos cultos públicos estão mortos é que nossa vida devocional particular está morta, assevera.
As variadas citações que apontam a presença da música tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, estão presentes no capítulo Semelhança com Cristo na vida do Músico. Somos lembrados da constância da presença da música em vários aspectos da vida do povo judeu (A.T), dentre eles: adoração por parte de Israel (Neemias 12:45-47); na prosperidade econômica (Isaías 16:10), durante eventos políticos importantes (I Reis 1:39-40), etc. Referente ao Novo Testamento, são lembrados Marcos 14:26, Atos 16:25, Lucas 1:46-56, etc.
O escritor nos leva há consciência pessoal de que hoje, Deus requer de cada crente deve louvor/cantar a Ele, conseqüência de uma vida devocional firme, não somente dos que estão no “ministério de louvor” (Hebreus 13:15, I Pedro 2:5,9 e Colossenses 3:16).
Caminhando para conclusão, em Culpa por associação Fisher discute uma das questões mais presentes no perfil dos grupos de louvor das igrejas atuais, a saber, a disposição e determinação dos integrantes em usarem melodias, ritmos e letras, de músicas seculares, com adaptações, por que estas já são conhecidas pela maioria, que cantavam-nas com entusiasmo, antes da conversão! Ele destaca que “não é o valor intrínseco da música, mas é o conhecimento da associação que causa pontos de vista diferentes quanto à aceitabilidade da música... Música que, embora possa ser aceitável a letra e na música propriamente dita, talvez seja questionável por causa da associação”.
Esse comentário, claro, não abrange a dimensão da contribuição da obra para o debate sobre a música cristã, por isso, fica nosso convide à leitura integral da mesma, para que, citando o Dr. John C. Vaughn (autor da apresentação do livro), “os cristãos adquiram convicções bíblicas sobre música”.
Obra de autoria do brasileiro Damy Ferreira, Louvor a Deus... Será?, também publicada pela Editora Batista Regular, busca apresentar argumentos bíblicos para controvérsias tão presentes na igreja cristã contemporânea quanto ao louvor musical. Para isso, o autor logo afirma que compreende louvor, de maneira abrangente, não se referindo apenas a expressão musical, afirmando que a Bíblia deve ser parâmetro para se discutir o assunto, tendo-a como única regra de fé e prática, onde aprendemos como expressar nosso louvor em direção a Deus.
Nesse sentido, Damy salienta que a música para louvar deve ter uma linguagem para Deus, uma linguagem do nosso espírito para o Espírito de Deus, sabendo que música provoca reações emotivas, mas não deve perder o objetivo que é a adoração a Deus. Comparando-a com religião, cita que, assim como a religiosidade, a música está sendo levada pelo caminho das emoções, confundindo espiritualidade com ‘emocionalidade’.
Dentre as controvérsias discutidas por ele, estão, a dança na Bíblia, uso das palmas e música e conflitos de gerações. Sobre dança na Bíblia, afirma que fazia parte da cultura do povo e a Bíblia o menciona, sem querer dizer, com isso, que a estava aprovando para fins de culto. (Êxodo 32:19 – dança pagã) e quanto à dança de Davi (II Sam. 6:14-16) (Tradução da palavra ‘dançar’ no texto é ‘rodopiar’), lembra que a mesma não era dança regulada para culto. Demy diz que o uso das palmas não é encontrada na liturgia do Antigo Testamento nem no Novo Testamento.
Orientando quanto aos possíveis conflitos sobre música, entre gerações diferentes na igreja, destacamos 5 pontos citados pelo autor:
Se a música é apreciada apenas por quem louva, então o louvor não é direcionado a Deus, mas ao grupo.
Certos jovens gostam de certos movimentos ‘religiosos’ porque trabalham com a emoção.
Jovem crente, nascido de novo, é espiritual como um adulto. Não deve haver conflito de gerações porque todos nasceram de novo e sabem como louvar a Deus.
Novo cântico surge da nova experiência com Deus, a experiência cristã. (ICor. 2:16, Rom.12:1-2, Rom.6:4, 7:6, IICor.3:17-18, IJo.3:1-3).
A música (louvor) deve ser coerente com tudo aquilo que herdamos da salvação. Isso não dá lugar para modelos mundanos.

Em suma, podemos afirmar que tanto para Tim Fisher quanto para Damy Ferreira, o louvor a Deus através da música deve também está baseado no princípio paulino da conciliação entre emoção e entendimento, de maneira que o crente possa dizer “... cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente” (I Coríntios 14:15).

BATISTAS REGULARES: um olhar acadêmico



SILVA, Francisco Jean Carlos da. Batistas Regulares: uma abordagem histórico-sociológica.

Natal: EDUFRN, 2006, 122pp.

“Religião não se discute”, assevera o adágio popular. No entanto, tal afirmação não se sustenta diante dos olhares de alguns aventureiros do conhecimento humano. Que o digam as numerosas pesquisas abrangendo a temática religião, tanto no espaço acadêmico nacional quanto o estrangeiro.
O livro Batistas Regulares: uma abordagem histórico-sociológica, de Francisco Jean Carlos da Silva, compõe esse crescente acervo bibliográfico. Seridoense de Santa Cruz/RN, Jean Carlos passou a viver na capital potiguar onde se licenciou em Pedagogia (UFRN), tornou-se bacharel em Teologia pelo Seminário e Instituto Batista Bereiano e concluiu Mestrado em Ciências Sociais, também na UFRN. Atualmente, doutorando em Educação, leciona na Universidade Estadual Vale do Acaraú, edita a revista Fundamentos da Fé, além de ser pastor da IBR da Candelária, Natal/RN.
Sabemos que outros pesquisadores já se aventuraram para construir um saber histórico acerca dos Batistas Regulares, seja numa pesquisa de abrangência nacional ou limitada ao espaço potiguar. Como exemplo do primeiro, está o trabalho do pastor paraibano, graduado em História, Jaime A. Lima, com o livro Que povo é esse? História dos Batistas Regulares no Brasil (Ed. Batista Regular, 1997). Nessa obra, Jaime Lima identifica e alista nomes, datas, lugares e memórias para elaborar trajetórias de origens, desenvolvimento e consolidação dos trabalhos Batistas Regulares em diversos tempo e espaços. Representante das pesquisas em nível estadual citamos o livro do pastor potiguar Sebastião Tenório Rocha que, em Os Batistas Regulares no RN: lutas e vitórias (2ª ed.,2006), compila extensa documentação e fontes históricas (fotos, registros, ofícios, cartas, estatutos, etc) referentes as ações humanas desse grupo eclesiástico no Rio Grande do Norte.
Sendo assim, o que diferencia a dissertação de Jean Carlos dos demais trabalhos citados? Ora, por tratar-se de um trabalho elaborado sob orientação de uma pós-graduação acadêmica (mestrado), encontramos aspectos e abordagens diferenciadas, principalmente pelo suporte teórico sobre o qual o autor desenvolve a dissertação.
Na construção textual, Jean Carlos, valeu-se de múltiplas fontes e métodos de pesquisa, tais como: entrevistas, questionários, análises bibliográfica e documental, fundamentando a dissertação em seu caráter acadêmico.
De modo que, no primeiro capítulo apresenta, em síntese, a trajetória histórica dos Batistas Regulares na Inglaterra, EUA, até a chegada ao Brasil. Lugares, sujeitos e memórias compõem esse panorama histórico que vai sendo construído pelo autor.
Os diálogos com outros autores e obras, ganham espaço no segundo capítulo, onde Jean Carlos discute a relação dos Batistas Regulares com o fundamentalismo protestante. Aqui, encontramos relevantes leituras de teóricos da temática, a saber, Karen Armstrong, Zygmunt Bauman, George Marsden e Ricardo Gondim. Não deixando ausentes pensamentos dos clássicos de Immanuel Kant e Friedrich Hegel.


Aprendemos com Jean Carlos o exercício acadêmico da problematização de reflexões acerca da relação entre espiritualidade, valores humanos e compreensão de mundo neste início de século. Estimulando o leitor, membro ou não de uma igreja Batista Regular, a pensar o que é ser desse grupo e como o mesmo se faz diante da configuração do quadro religioso contemporâneo.
No terceiro capítulo, o pesquisador parte para a análise do conceito de modernidade, num enfoque que busca a compreensão acerca da postura dos Batistas Regulares diante desse momento particular do pensamento e prática social, provocando o leitor ao afirmar que, talvez os Batistas Regulares, em certo sentido, tenham adotado um tipo de asceticismo cristão que penetra exatamente numa prática meticulosa, amoldando-se a uma vida racional que pode tornar a espiritualidade fria e calculista[...] diferente do cristianismo em sua manifestação primitiva.
É no quarto e último capítulo que está mais uma particularidade do trabalho de Jean Carlos nessa dissertação, nos mostrando as tensões entre os Batistas Regulares, através das abordagens aos conceitos de Núcleo Duro, Baixa Complexidade e Rito, tendo como suporte teórico os pensamentos de Edgar Morin e Aldo Terrin, acompanhados da leitura e interpretação de dados estatísticos referentes à presença do grupo no Rio Grande do Norte.
Espero que esta breve resenha possa conduzi-lo(a), sem demora, a leitura de Batistas Regulares: uma abordagem histórico-sociológica, beneficiando-se da leitura de uma obra assentada em sólida argumentação teórica, mas de exposição agradável, repleta de exemplos, constituindo-se num marco das pesquisas nessa temática.




Publicado na Revista Fundamentos da Fé, nº31, 2008.


ISSN 1808-3315